Gerenciamento de Riscos Corporativos, preocupação internacional

Gerenciamento de Riscos parece assunto adormecido no Brasil!
A preocupação internacional com riscos é antiga
Desde há muito o tema Riscos Corporativos, incluindo o ambiental, vem sendo objeto de estudos por parte de organismos internacionais, visando criar uma cultura de ações destinadas à prevenção e/ou à superação de riscos, sob a forma de gerenciamento de ameaças internas e externas às organizações.
COSO, o que é?
Dedicado inicialmente à melhoria dos relatórios financeiros (ou demonstrações contábeis), o COSO – Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission é uma organização sem fins lucrativos patrocinada por representantes do setor privado, todos eles ligados à Auditoria e à Contabilidade:
- American Accounting Association (AAA).
- American Institute of Certified Public Accountants (AICPA).
- Financial Executives International (FEI).
- Institute of Managements Accountants (IMA).
- Institute of Internal Auditors (IIA).
Objetivo do COSO
O objetivo do COSO é ser referência mundial no desenvolvimento de orientações, sob a forma de Estruturas Conceituais e Guias, destinados a lidar com três temas inter-relacionados, voltados à governança e performance organizacional:
- Controle Interno.
- Gerenciamento de Riscos Corporativos.
- Detenção de Fraudes.
Guias e recomendações do COSO sobre Riscos Corporativos
Em 2016 o COSO(1), dando continuidade a uma série de publicações sobre Riscos Corporativos (iniciada em 2004), divulgou o guia “Enterprise Risk Management – Aligning Risk with Strategy and Performance” (tradução livre: Gerenciamento de Riscos Corporativos – Alinhamento de Risco com Estratégia e Performance).
O sumário dessa publicação, datado de 2017, pode ser obtido (em inglês e sem custo) no endereço https://www.coso.org/Documents/2017-COSO-ERM-Integrating-with-Strategy-and-Performance-Executive-Summary.pdf.
E no Brasil, hein?
As grandes corporações adotam as orientações
As grandes corporações brasileiras, principalmente as que têm valores mobiliários listados em bolsas internacionais, conhecem bem (ou pelo menos deveriam conhecer) as recomendações do COSO sobre Gerenciamento de Riscos Corporativos.
Empresas internacionais de auditoria
As grandes empresas internacionais de auditoria contribuem, em muito, com as publicações daquele organismo, e todas elas estão instaladas no Brasil, com clientes brasileiros.
Normas internacionais de auditoria
Além disso, a essência das orientações do COSO também exerce influência na padronização das normas internacionais de auditoria (Auditing Standards, emitidas pelo IAASB – The International Auditing and Assurance Standards Board); bem como nas de contabilidade (IFRS – International Financial Reporting Standards).
E essas normas internacionais são aquelas que usamos em nosso país.
Não seria o momento de pensarmos melhor em Gerenciamento de Riscos?
O rompimento de barragens
Especificamente no caso das recentes tragédias de Mariana e Brumadinho (MG); e a julgar pelas matérias que leio e ouço na mídia, a mineradora Vale SA, responsável pela hecatombe, não poderia desconhecer orientações tão elementares como planos de neutralização realistas das ameaças antes que o desastre tivesse ocorrido; nem planos de evacuação da população, na situação de queda iminente da barragem.
Ou, se conhecia, esqueceu tudo que sabia.
Não seria este um ótimo momento de reflexão sobre como colocar efetivamente em prática ações de Gerenciamento de Riscos?(2)
(1) O endereço (URL) do COSO, para quem deseja conhecer a entidade e suas publicações, é https://www.coso.org/Pages/default.aspx.
(2) Gerenciamento de Riscos internos e externos é uma das ferramentas disponíveis a qualquer administração, abordado no Capítulo 5 de meu livro Instrumentos de Gestão e Controle – Circuito Integrado para Modelação de Organizações.