Gerenciamento de Riscos: que péssimos exemplos!
Gerenciamento de Riscos, um tema de grande atualidade relegado a plano inconsequente
Riscos? O que são?
Risco pode ser definido como a possibilidade de que eventos ocorram e afetem a realização dos objetivos de uma entidade, com perda de patrimônio e/ou de vidas humanas. Esse risco é chamado de incerteza; e os eventos, se ocorrerem, podem causar danos de severidade variável.
Incerteza é o estado de não se saber se, como ou quando eventos potenciais poderão ou não se manifestar.
Evento é uma ocorrência ou conjunto de ocorrências, quaisquer que sejam.
Severidade é a medida de grandeza de impacto relativa (a) ao efeito provável que eventos potenciais causariam se ocorressem; e (b) ao tempo estimado necessário para a entidade se recuperar de eventos dessa natureza.
Gerenciamento de Riscos Externos (1)
Qualquer tipo de coletividade – seja privada ou pública – está sujeita a riscos ou ameaças originários do ambiente externo em que atua, que neste texto classificamos de neutralizáveis e superáveis.
Ameaças neutralizáveis
São as que podem ser previstas ou detectadas anteriormente à sua concretização, dando tempo suficiente para que possam ser preparados planos de neutralização ou de redução de efeitos.
Um exemplo de medida de prevenção contra riscos neutralizáveis nos é fornecido pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. O objetivo da CIPA é “observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos…”(2)
Riscos superáveis
Essas ameaças não têm essa denominação como sinônimo de evitáveis, mas sim pelo fato de serem eventos totalmente incontroláveis, com efeitos de nuances de severidade que variam de pouca gravidade a enormes catástrofes, com prejuízos incomensuráveis e irreparáveis perdas de vidas. Nesse caso, os planos contingenciais possíveis são apenas de superação dos efeitos desses eventos, no menor tempo possível e incorrendo nas menores perdas, dentro das circunstâncias.
Onde está (ou esteve) o Gerenciamento de Riscos?
As recentes tragédias nas cidades mineiras de Mariana e Brumadinho (sem falar a da boate Kiss, em Santa Maria, RS), com perdas ainda incomensuráveis de recursos humanos e materiais, protagonizadas pela empresa Vale SA; e sob patrocínio de autoridades públicas de baixo, médio e alto calibres, são exemplos de riscos externos não gerenciados. Ou, se forem gerenciados, as tragédias só podem ter sido fruto de incompetência ou de irresponsabilidade.
Questões para reflexão sobre gerenciamento de riscos nessas tragédias
- O que foi feito pelas organizações responsáveis ou pelos órgãos públicos para prevenir a ocorrência, ou neutralizar os efeitos das tragédias quase que anunciadas?
- Depois de ocorridas, que planos de superação das tragédias existiam como estratégia de gerenciamento de riscos?
- Afinal, quem são os responsáveis pela ausência de gerenciamento adequado de riscos? Será que saberemos algum dia?
- Haverá punições?
Lembrete: quando todos são responsáveis, ninguém efetivamente o é.
(1) Fonte: Gerenciamento de Riscos é o título do Capítulo 5 de meu livro Instrumentos de Gestão e Controle.
(2) Texto extraído da Wikipédia